Por Marcus Amarante (*)
O Agosto Branco é uma
campanha que tem o objetivo de alertar para a primeira causa de mortalidade por
câncer no mundo: o câncer de pulmão. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional
do Câncer), em 2022, em nosso país, foram diagnosticados mais de 35 mil casos
novos da doença. No ano anterior, o número de óbitos foi superior a 28 mil
casos.
Os números muito
próximos de incidência e mortalidade mostram que se trata de uma doença letal o
que reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Sabemos que o
principal fator de risco associado é o tabagismo, seja ele ativo ou passivo.
Cerca de 80 a 90% são provenientes do uso de cigarros. Sendo a interrupção do
tabagismo a principal ação profilática para a redução da mortalidade com
impactos consideráveis em termos de saúde pública. Fumantes têm risco até dez
vezes maior de desenvolver câncer de pulmão que não-fumantes.
Entretanto, o tabagismo
não é o único fator de risco. Outras agravantes devem ser levadas em conta e
costumam ser negligenciados ou mesmo desconhecidos, são estes: antecedente
familiar de câncer de pulmão aumenta o risco, especialmente se parente de
primeiro grau; a exposição no ambiente de trabalho a substâncias cancerígenas
como o asbesto, que já muito utilizado antigamente para a produção de telhas de
amianto; gases como o radônio, um gás radioativo proveniente do urânio presente
no solo. Quase um terço dos casos de câncer de pulmão em não-fumantes está
relacionado à exposição a este gás.
Há ainda outros fatores
como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), exposição à radiação
ionizante, infecção pelos vírus HIV e HPV, o consumo excessivo de álcool e a
obesidade.
Em termos de
rastreamento, recomenda-se a realização de tomografia computadorizada de tórax
em pacientes de 50-80 anos com alta carga tabágica e consequente investigação e
tratamento precoce das lesões. No entanto, ainda carecemos de métodos mais
eficazes. Quando detectado precocemente, o câncer de pulmão tem uma chance
muito maior de cura. Infelizmente, a grande maioria dos casos chegam ao
consultório em estágio mais avançado.
Agosto Branco é um
chamado para toda a sociedade (profissionais de saúde, pacientes, governantes).
Estar alerta para todos os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento
da doença e detectá-la precocemente pode contribuir para a redução da
mortalidade por câncer de pulmão.
(*) Médico
oncologista clínico e pesquisador do CRIO.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/08/2024. Opinião. p.17.
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