Por Heitor
Férrer (*)
Vi Pelé jogar. Vi o
Brasil ser tricampeão mundial em 1970 no México, trazendo, de vez, a taça Jules
Rimet. Portanto, passei a ser exigente e sei o que é jogar bola. Como muitos
que viram a seleção jogar encantando o mundo afora, sofro com a apatia da nossa
atual seleção que, há 22 anos, vem órfã de um título mundial. Os brasileiros
nascidos de 2002 para cá não experimentaram o que vivenciamos de glória e
supremacia do nosso futebol.
De lá para cá, o Brasil
só tem decepcionado, tendo os melhores craques do planeta. Fomos campeão
na Suécia em 1958, no Chile em 1962, em 1970 no México com a prata da casa, com
jogadores que atuavam no Brasil. Pegávamos a melhor defesa de um time, o melhor
meio campo de outro e o melhor ataque de um outro e fazíamos a melhor seleção
do mundo. Hoje, pegamos jogadores que atuam na Europa, juntamos esses
bilionários craques para baterem cabeça dentro das quatro linhas sem qualquer
entrosamento. Resultado, um fiasco!
Esse modelo vem dando
errado há 22 anos; temos que arrumar outra equação. Até há pouco tempo,
defendia que teríamos que voltar ao modelo antigo, escolhendo os melhores
daqui. Se der errado, errado já vem há 22 anos; tentaríamos uma outra fórmula e
daríamos oportunidade aos que estão aqui de se projetarem e se tornarem,
também, bilionários como os que atuam nos encantadores gramados europeus. Nosso
fracasso começa logo quando da execução do hino nacional. Não cantam o hino,
balbuciam com uma frieza cadavérica, sem sintonia, sem brasilidade. Veja como
cantam seus hinos os europeus e os demais sul americanos. Vibrantes,
sintonizados. Já entram em campo com o país nas chuteiras.
Campeã do mundo e agora
da América, a Argentina me fez mudar de ideia quanto ao modelo antigo de nossa
seleção. Todos os seus jogadores jogam fora. E por que com o Brasil não dá
certo? Esses craques dão show na Europa e não rendem nada na seleção! Não se
arriscam nas jogadas, não expõem suas bilionárias pernas, não se doam ao
Brasil. Não vou ser maldoso. Credito à desorganização da CBF e a não manutenção
de um time único que se entrose. Só assim, voltaremos a encantar o mundo e a
ser campeão de futuras copas.
(*) Médico
e ex-Deputado estadual (Solidariedade).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/07/2024. Opinião. p.19.
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