Por José Meneleu Neto (*)
A superação de
profundos problemas sociais produzidos pela desigualdade exige coragem de
enfrentar e persistência de continuar. A fome em nosso estado tem
características endêmicas que exigem políticas de urgência ao lado de políticas
estruturantes. O Estado tem feito esforço continuado para a ampliação da
segurança alimentar e o programa Ceará Sem Fome é parte central dessa
consciência.
Ao analisar a
evolução da segurança alimentar no Ceará, nos últimos 20 anos, observamos que
em 2004, 44,3% dos domicílios cearenses tinham acesso à alimentação adequada.
Em 2023 esse indicador cresceu para 64,9% dos domicílios. Mas esse foi um
caminho cheio de percalços. O crescimento virtuoso do período 2004-2013 gerou
milhões de empregos associados a políticas sociais que tiraram o Brasil
do Mapa da Fome.
Esse contexto fez
bem ao Ceará e a segurança alimentar cresceu, abarcando 64,5% dos domicílios
cearenses em 2013. Porém, essa tendência foi interrompida pela guinada
conservadora que levou à recessão e ao encolhimento das políticas sociais a
partir de 2017. O resultado foram vários passos atrás no combate à fome: a
segurança alimentar no Ceará em 2018 caiu para 53,1% dos domicílios.
Além disso, a
crise sanitária da Covid-19 criou um cenário tenebroso para os mais
vulneráveis. Para enfrentar esse cenário, o Ceará ampliou e persistiu com
políticas sociais através do Vale-Gás, Auxílio Catador, Mais Nutrição, Cartão
Mais Infância e Distribuição de Alimentos.
O contexto pós-pandemia
tem sido de recuperação das perdas, mas temos muito mais a recuperar. O combate
à fome mostra que a persistência é fundamental. Por isso, o Ceará Sem Fome
fornece o cartão de R$ 300 de ajuda financeira para a compra de alimentos a 53
mil famílias. São R$ 185 milhões de recursos públicos anuais que também
movimentam a economia local e o pequeno comércio nos 184 municípios do estado.
As cozinhas populares atendem 109 mil pessoas/dia e representam R$ 163
milhões apoiando a ação solidária de comunidades espalhadas por todo Ceará. É
necessário e urgente agir e persistir por um Ceará Sem Fome.
(*)
Economista e professor da UECE, Diretor de Estudos Socias do IPECE.
Fonte: O Povo, de 10/07/24. Opinião. p.16.
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