Por Valdester
Cavalcante Pinto Jr. (*)
A morbidade e a
mortalidade infantil, de há muito, constituem preocupação para a comunidade da
saúde. Esforços resultaram em progresso, com estimativas globais de mortalidade
de menores de 5 anos, tendo diminuído de 12,8 milhões, em 1990, para, aproximadamente,
5,0 milhões, em 2021.
Embora com dados
encorajadores, a estatística da mortalidade infantil concentra-se,
desproporcionalmente, entre as crianças das populações mais desfavorecidas em
todos os países, e se prevê que os Estados-Membros da OMS não alcancem a meta
de eliminá-la, como evitável em crianças menores de 5 anos, até 2030.
Evidentemente, para que
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) sejam alcançados em todo o
mundo, a atenção à equidade não há de ser esquecida.
Problemas de saúde que
exigem cirurgia são amplamente estruturais em crianças. As três anomalias
congênitas graves, mais comuns - anomalias cardíacas, defeitos do tubo neural e
síndrome de Down – exigem tratamento cirúrgico na totalidade ou por associação.
Estima-se, no entanto,
que 1,75 bilhão de crianças, 87% das quais vivem em países de baixa e média
renda, não tenham acesso a cuidados operatórios seguros, tornando a área
cirúrgica pediátrica uma das mais negligenciadas e subfinanciadas da saúde
infantil.
Condições cirúrgicas
pediátricas não tratadas, também, resultam em grandes perdas econômicas. Uma
criança que não recebe tratamento cirúrgico oportuno para seu defeito do tubo
neural tem alta probabilidade de deficiência de locomoção e enfrenta muitos anos
evitáveis, ??vividos com a doença. Do mesmo modo, aquelas com cardiopatias
congênitas têm as vidas abreviadas e ou limitações cardiopulmonares não
reversíveis.
Se o acesso insuficiente
aos cuidados cirúrgicos constitui um problema de 12,3 bilhões de dólares
americanos, que afeta em grande parte as crianças, e as convenções políticas
internacionais aludem, com frequência, à necessidade de dar prioridade a esse contingente,
por que o atendimento cirúrgico pediátrico não é apoiado como um bom
investimento em saúde pública?
Reflexão sobre o artigo:
Karel-Bart Celie. The importance of global bioethics to paediatric health care.
The Lancet Child & Adolescent Health.2024. 8(5)
(*) Médico
cirurgião cardiovascular pediátrico.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/07/2024. Opinião. p.20.
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