Por Karine
Lane, jornalista de O Povo
Do cigarro comum ao eletrônico, os
malefícios do tabagismo geram preocupação em função dos riscos de doenças como
câncer de pulmão e problemas cardiovasculares.
A decisão de parar de fumar é difícil e
cercada de dúvidas. É melhor parar de uma vez ou reduzir aos poucos? Adianta
parar agora se eu já fumo há tanto tempo? Quando começo a perceber os
benefícios? Onde encontrar tratamento gratuito? Se precisar de apoio, tenho
onde conseguir? Como vou lidar com os momentos de abstinência do vício?
Além de causar dependência, o fumo aumenta
os riscos de enfermidades como as cardiovasculares e os cânceres — fato que já
estampa desde as carteiras de cigarro até as campanhas de conscientização sobre
o tema há bastante tempo.
Não faltam alertas sobre os riscos de
doenças causadas pelo tabagismo: “Você sofre”, “você envelhece”, “você
infarta”, “você adoece”, “você brocha”, “você morre”. Acompanhadas de imagens
fortes, essas e outras mensagens advertem os fumantes a cada nova carteira
adquirida e têm ajudado a diminuir a prevalência do tabagismo entre brasileiros
desde 2017.
Com esforços em muitas frentes a partir de
medidas de controle do tabaco, o Brasil conseguiu reduzir em 35% o consumo e se
tornou um dos líderes mundiais na redução do tabagismo, de acordo com dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados em janeiro de 2024.
O País também compartilha, junto aos demais
países da América do Sul, a distinção de fazer parte da primeira região no
planeta ‘livre de fumaça’: todas as nações da região possuem leis que proíbem o
fumo em espaços fechados, locais de trabalho e no transporte público.
Na tentativa de desestimular essa iniciação
ao uso do cigarro, o governo federal retomou a política de aumento de preço
sobre cigarro. Com a decisão, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 1º
de agosto, ficou estabelecida a alíquota específica de R$ 2,25 por vintena (20
unidades) e preço mínimo de venda de cigarros no varejo de R$ 6,50 por maço ou
box (20 cigarros).
Nas regras atuais, a alíquota específica é
de R$ 1,50 e o preço mínimo de R$ 5 por maço. Uma medida necessária, já que o
tabaco ainda mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, de acordo com a OMS.
Só no Brasil são mais de 161 mil mortes
anuais atribuíveis ao uso de tabaco, o que representa 443 mortes por dia e leva
o tabagismo a ser o terceiro fator de risco para anos de vida perdidos
ajustados por incapacidade.
Em outras palavras, é a maior causa
evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo. Os males
causados por cigarros comuns, cigarros eletrônicos, cigarrilhas, charutos,
fumos de cachimbo, narguilé, rapé e outros são conhecidos, mas nem sempre isso
é suficiente para a tomada de decisão mais importante: abandonar o hábito.
Isso porque o fumante não é o único que se
debilita com a prática. Quem também sai prejudicado são os fumantes passivos,
que inalam a fumaça de derivados do tabaco. As partículas contêm
substâncias tóxicas como alcatrão e nicotina, que podem causar asma, alergias,
bronquite, pneumonia, doenças cardíacas e câncer de pulmão. Mesmo que não haja
contato direto com a fumaça, a fuligem que fica impregnada em peças de roupa,
por exemplo, pode causar alergias, doenças pulmonares e cutâneas.
O meio ambiente está incluído entre os
principais afetados, com danos que vão desde o cultivo de tabaco até o descarte
de bitucas e dos dispositivos. Pesquisas apontam que fumantes jogam, em média,
10 bitucas de cigarro por dia em vias públicas.
Parar de fumar, portanto, reduz o risco de doenças pulmonares e
cardiovasculares, prolonga a vida, melhora as capacidades sensoriais e a
aparência, reduz gastos com cigarros e tratamentos e ainda ajuda o meio
ambiente.
Políticas públicas, campanhas educativas,
intervenção médica, terapias de substituição de nicotina, apoio psicológico e
grupos de suporte são fundamentais nesse processo, que não precisa ser encarado
sozinho.
Dificuldades, incertezas, insônia, estresse
e pressões externas podem dificultar, mas não devem ser motivo para desistir do
plano de parar de fumar. Abandonar a dependência é um desafio, mas é a melhor
saída.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/09/2024. Ciência & Saúde. p.14-15.
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